A. Capibaribe Neto
capi@globo.com
A outra metade nunca sabe o que perde quando perde a gente achando que não ia ganhar nada. As armadilhas dos sentimentos, por uma questão de medo, de defesa, de proteção, são mais perigosas que aquelas que prendem a carne, que tiram sangue de verdade.
Abrir a boca e confessar, traduzindo as coisas do coração, é o mesmo que se expor, ser alvo fácil, imóvel, estático, submisso. Ninguém sabe como o outro coração traduz o que sentimos. Se acha pouco ou bem menos do que esperava, ficamos em desvantagem porque o ser humano é egoísta mesmo quando divide o que sente pela metade; se acha de mais, aí é que aumenta essa desvantagem, porque o outro lado acha que bem pode manobrar, ditar normas, fazer cobranças, as vezes até impor, porque se sente superior. Gostar é complicado. Não gostar é muito ruim.
Ficar só é escutar o som dos próprios passos ou o silencio pesado que faz companhia a toda solidão ou, no máximo, as batidas do coração em agoniada calma. As coisas do gostar são complexas, emaranhadas, prolixas, suas cores vão da festa de um arco-iris ao negro profundo de uma imensa interrogação. Uma dúvida pesada numa encruzilhada, o segrede de um abismo escuro, um rio que não conhecemos. Gostar tem vertigem, enxaqueca, dor de barriga, cólica, ânsia, medo, pavor, mas tem também calmaria, serenidade, cumplicidade, molecagem irresponsável. Tem dor, mas tem amor, tem paixão, sangue a areia, bolero e tango. Tem rumba, tem valsa, tem salsa, merengue, suor e lágrimas. É tudo, é muito, é exagero, é falta, bonança e lambança, esperança e desespero.
Gostar tem bem mais e as vezes muito menos, quase nada, um pouco que seja, que de repente é bom só porque absolutamente nada é muito, muito pior.
Olho você, que não tem nada comigo e nem sabe que o que tenho por você é uma confusão enorme, como um pesadelo sem pé nem cabeça, uma coisa só minha, que disfarço, que escondo e nem ouso me confessar assim, tão amiúde, para não deixar claro, de janela aberta, o que trago no peito, carrego na alma chorando baixinho por uma saudade que nem é minha.
Vá entender as coisas do gostar, sendo gostado ou não. Indo sozinho, voltando acompanhado. Indo de mãos dadas, voltando sem ninguém. Mais complicado? Và entender as coisas do amor, os mistérios irresponsáveis da paixão, das loucuras. Acordo assim, no meio da noite e me confesso num suspiro que tem nome que não posso chamar, não posso dizer “venha!”. É, é como diz a música, hoje mais certa do que nunca: “eu não sei mesmo dizer o que quer dizer “eu amo você”...
O que é o amor? O que é gostar? É isso que eu sinto e não posso dizer ou o que digo sem saber porque não sei se é isso mesmo que quer dizer o que me enche o peito, a ponto de me sufocar, quase morrer? Confuso, complexo, louco, maluco... Chego a sentir vergonha se me olho no espelho: “ainda tenho esse direito”? Estou vivo, ainda pulso, sinto saudades, chego a chorar, adormeço num soluço, acordo suado, sufocado, quase morto, ardendo, chamando em silencio por um nome que só existe numa sombra que escondo da luz.
São complexas, complicadas, malditas e abençoadas as coisas do amor, do gostar, do querer bem de um lado só.
Não gostar é bem pior; não amar é pior ainda.
Melhor é viver enquanto há vida!
capi@globo.com
A outra metade nunca sabe o que perde quando perde a gente achando que não ia ganhar nada. As armadilhas dos sentimentos, por uma questão de medo, de defesa, de proteção, são mais perigosas que aquelas que prendem a carne, que tiram sangue de verdade.
Abrir a boca e confessar, traduzindo as coisas do coração, é o mesmo que se expor, ser alvo fácil, imóvel, estático, submisso. Ninguém sabe como o outro coração traduz o que sentimos. Se acha pouco ou bem menos do que esperava, ficamos em desvantagem porque o ser humano é egoísta mesmo quando divide o que sente pela metade; se acha de mais, aí é que aumenta essa desvantagem, porque o outro lado acha que bem pode manobrar, ditar normas, fazer cobranças, as vezes até impor, porque se sente superior. Gostar é complicado. Não gostar é muito ruim.
Ficar só é escutar o som dos próprios passos ou o silencio pesado que faz companhia a toda solidão ou, no máximo, as batidas do coração em agoniada calma. As coisas do gostar são complexas, emaranhadas, prolixas, suas cores vão da festa de um arco-iris ao negro profundo de uma imensa interrogação. Uma dúvida pesada numa encruzilhada, o segrede de um abismo escuro, um rio que não conhecemos. Gostar tem vertigem, enxaqueca, dor de barriga, cólica, ânsia, medo, pavor, mas tem também calmaria, serenidade, cumplicidade, molecagem irresponsável. Tem dor, mas tem amor, tem paixão, sangue a areia, bolero e tango. Tem rumba, tem valsa, tem salsa, merengue, suor e lágrimas. É tudo, é muito, é exagero, é falta, bonança e lambança, esperança e desespero.
Gostar tem bem mais e as vezes muito menos, quase nada, um pouco que seja, que de repente é bom só porque absolutamente nada é muito, muito pior.
Olho você, que não tem nada comigo e nem sabe que o que tenho por você é uma confusão enorme, como um pesadelo sem pé nem cabeça, uma coisa só minha, que disfarço, que escondo e nem ouso me confessar assim, tão amiúde, para não deixar claro, de janela aberta, o que trago no peito, carrego na alma chorando baixinho por uma saudade que nem é minha.
Vá entender as coisas do gostar, sendo gostado ou não. Indo sozinho, voltando acompanhado. Indo de mãos dadas, voltando sem ninguém. Mais complicado? Và entender as coisas do amor, os mistérios irresponsáveis da paixão, das loucuras. Acordo assim, no meio da noite e me confesso num suspiro que tem nome que não posso chamar, não posso dizer “venha!”. É, é como diz a música, hoje mais certa do que nunca: “eu não sei mesmo dizer o que quer dizer “eu amo você”...
O que é o amor? O que é gostar? É isso que eu sinto e não posso dizer ou o que digo sem saber porque não sei se é isso mesmo que quer dizer o que me enche o peito, a ponto de me sufocar, quase morrer? Confuso, complexo, louco, maluco... Chego a sentir vergonha se me olho no espelho: “ainda tenho esse direito”? Estou vivo, ainda pulso, sinto saudades, chego a chorar, adormeço num soluço, acordo suado, sufocado, quase morto, ardendo, chamando em silencio por um nome que só existe numa sombra que escondo da luz.
São complexas, complicadas, malditas e abençoadas as coisas do amor, do gostar, do querer bem de um lado só.
Não gostar é bem pior; não amar é pior ainda.
Melhor é viver enquanto há vida!